terça-feira, 1 de abril de 2008

Resumo do livro “A lua da Joana”da autora Maria Teresa Maia Gonzalez.

A Joana era uma menina, que gostava muito da sua colega Marta, mesmo ele a não estar presente ela escrevia-lhe cartas. Que são as seguintes. Lisboa, 28 de Agosto demorei muito tempo, para dizer a verdade, não sabia que fazer. Precisava de desabafar, tentar compreender tudo o que acontecer e, como foste sempre a minha única confidente. Não fazia sentido escrever um diário, pois dava-me a sensação de estava a escrever para mim própria. Faz hoje um mês que tu já não estás, aqui comigo. É tão difícil de acreditar! Das «antiguidades» só ficar a escrivaninha, por causa daquelas gavetinhas todas que sempre me deram um jeitão para os segredos. O homem da cor-magnan (irmão), deu-me um chocolate «sabendo perfeitamente que sou alérgica», é triste ter um irmão assim, mas paciência. Senti (Marta), a festa de aniversário não seria a mesma coisa, alem disso
Não tenho vontade de festejar coisas nenhumas. Fazer anos não é assim tão especial como isso, Aida se fossem quinze…
Espero não sonhar outra vez contigo. É terrível!
Lisboa, 1 de Setembro - hades Marta, não posso desligar-me assim tão facilmente Haiti. É depois, como ninguém, não poderão chamar-me doida.
A verdade é que não sei o que hei-de dizer aos meus pais, quando os vir. Nunca pensei ter tão pausa coragem. Pode ser que daqui a uns tempos.
Lisboa, 10 de Setembro - A última semana foi uma das piores da minha vida. Quase todas as noites tive pesadelos contigo... como a ultima semana foi tenebrosa, passei horas e horas sentada na minha lua, a ver se conseguia imaginar alguma coisa divertida para fazer, mas não consegui, portanto pus-me a ler não foi divertido, mas ajudou-me a passar o tempo.
Lisboa, 14 de Setembro – Só esta manhã consegui abrir o saco que a tua mãe entregou. Primeiro, respirei fundo, tão fundo que fui invadido por uma calma que há muito tempo não sentia.
Então consegui ver o que tinha sido oferecido com tanta amizade: a tua raquete de ténis; aquele cinto de cabedal que compramos numa feira, na excursão a Londres; o teu espectacular estojo de desenho; a camisa de ganga que te dei uma vez nos anos; o carderninho com as canções que tocávamos na viola; e maravilha das maravilhas, a tua colecção de caleidoscópios.
Nasceu-me uma nova alma, como diz avó Ju. É espantoso como, ás vezes, as coisas podem transformar-nos.
Lisboa, 24 de Setembro - Fui outra vez eleita delegada, vê lá tu. E por maioria absolutíssima
Lisboa, 27 de Setembro – Fiquei pasmada com o João Pedro.
Lisboa, 29 de Setembro – Sabes eu não quero perder o teu irmão Diogo.
Lisboa, 3 de Outubro – Hoje não te posso escrever, estou um pouco ocupada.
Lisboa, 15 de Outubro – Há muito tempo que não escrevo, porque tenho andado ocupadíssima com as coisas sa escola: aulas, teatro, associação de estudantes e ainda o básquete; ontem, no treino, cai e torci um pé. A minha mãe, nem tinha reparado que eu tinha o pé ligado!
Porque é que não estás aqui comigo, Marta?!
Acho que vou hibernar para o lavai, este Inverno.
Lisboa, 27 de Outubro – Ganhámos ao Sporting!
A peça está, finalmente, acabada. Parece-me que ficou bom. Vamos lá ver se o estimável público gosta…
É verdade, resolvi que vou inscrever-me na Liga Portuguesa para a Protecção da Natureza. Tenho de pedir á avó Ju que me ajude a forrar o gavetão onde pus as coisas que a tua mãe me deu.
Lisboa, 1 de Novembro – Estive a manhã inteira sentada na minha lua. Hoje é dia de todos os santos e …, amanhã, de finados (detesto esta palavra).
Lisboa, 15 de Novembro – Quando à nossa peça de teatro, os ensaios já começaram, e o guarda-roupa está a ser pensado.
Lisboa, 29 de Novembro - Ontem no treino de banquete ia torcendo outra vez o pé.
Lisboa, 7 de Dezembro – 1ª festa na loja da minha mãe (que correu menos mal, mas para mim foi um sacrifício). Os testes acumulavam-se, como sempre, e a minha aguarela ocupou-me os tempos livres; mas acabei-a: são três manequins numa montra, com vestidos imaginados por mim. Vou sentar-me na lua, para ver se me inspiro.
Lisboa, 1 de Janeiro – Nunca dei grande importância às festas de passagem de ano. A minha mãe é que adora.
Lisboa, 15 de Janeiro – Ontem o dia foi estafante. Vou-me deitar Talvez hoje consiga dormir sem ter pesadelos. Seria um milagre!
Lisboa, 28 de Janeiro – Hoje decidi pintar.
Lisboa, 3 de Fevereiro - Odeio a época do Carnaval. Sempre detestei Carnavalices.
Lisboa, 18 de Fevereiro – As últimas semanas foram uma espécie de deserto. Não li nada, não te escrevi, não tive fome não consegui ter uma conversa decente com ninguém. Para acumular, tive dois pesadelos contigo. O Luís esteve a conversar comigo um tempão e deixou-me mais animada.
Lisboa, 27 de Fevereiro – Vai tudo mal a pior nesta casa de doidas! Agora a pior noticia de todas: a avó Ju não está nada bem de saúde. O médico já veio cá a casa e diz que o coração dela está fraco…Pediu-nos para não a arreliarmos e para nós certificar-nos que ela toma sempre os medicamentos.
Lisboa, 15 de Março – Vou parar de escrever. Prometi à avó Ju que ia dar um passeiozinho com ela na nossa rua, porque médico recomendou que ela não ficasse muito tempo sem se mexer.
Lisboa, 30 de Março – Vou fazer companhia à avó Ju.
Lisboa, 2 de Abril – Ontem foi o pior da minha vida, ou antes, o segundo pior. A avó Ju… ainda não consigo escrever a estúpida palavra (a avó acaba por falecer).
Lisboa, 30 de Abril – Tenho estado doente, de cama. A minha mãe chamou o médico e ele disse que eu preciso de repousar. Perdi cinco quilos em duas semanas. O Traumatizado, aprendeu a ler e a escrever, mas, como a maior parte das pessoas da minha família, não aprendeu a falar. Agora a verdade revelação foram as manas Lopes. Vieram visitar-me antes de ontem e trouxeram-me um presente e tudo. Pena que não fazem remédio para a alma…
Lisboa, 2 de Maio - Desde que a avó Ju morreu ainda não fui capaz de lhe dizer nada ao pai. Tenho de me encher de coragem. Quando ele tiver tempo…
Lisboa, 12 de Maio – Estou triste. Não há ninguém no mundo que passa ajudar-me resta-me olhar para a porta do meu quarto e ver se encontro alguma coisa nova no círculo preto…
Lisboa, 13 de Maio – Este silêncio todo e ninguém parar o quebrar!
Lisboa, 29 de Maio – Não tenho tido vontade de escrever, mas hoje, como é o dia dos teus anos, sentei-me aqui na lua com o livro de Português no colo e uma folha por cima para te dizer que muita coisa aconteceu nestes últimos dias. Agora o mais ridículo: a minha mãe teve um ataque de nervos quando me viu com o cabelo assim (cortado), e até ficou mal disposta! Sinto-me estúpida e preciso de saber se ainda consigo racionar.
Lisboa, 5 de Junho – Finalmente, consegui tirar algumas positivadas de que estava a precisar. Já consegui falar com o meu pai!
Lisboa, 13 de Junho – Vou ver se encontro o Diogo. Talvez esteja no café.
Lisboa, 30 de Junho – Tive mais um pesadelo contigo.
Lisboa, 6 de Julho – Férias, finalmente, diz a malta toda. Eu não preciso
Lisboa, 14 de Julho – Correu tudo bastante bem na terra da minha avó. Sabes foi visitar um lar de idosos e ficou surpreendido com muitas coisas. Só por aquilo valeu a pena ir a Sintra, o meu dia em Sintra foi um dos melhores de toda a minha vida. Gostava de lá voltar.
Lisboa, 29 de Julho – Fez ontem um ano já?! Nem queria acreditar. Não dei conta de o tempo passar assim tão depressa. Talvez a razão esteja no facto de eu te escrever tantas vezes.
Um ano é muito tempo aqui na Terra, no Céu sei o que será, mas talvez passe num minuto. Esta manhã fui à missa que os teus pais mandaram dizer, na paróquia. O Diogo não apareceu, mas os meus pais e – surpresa das supressás. Os Pré-histórico foram comigo.
Guincho, 20 de Agosto – Estive muito tempo sem te escrever porque, na verdade, não sabia se devia ou não continuar. Hoje percebi que não é uma questão de dever ou não, mas sim uma questão de necessidade. Preciso de desabafar e ninguém te substituiu, com grande pena minha. Tenho de pensar urgentemente um nome, para um cãozinho que eu encontrei.
Lisboa, 2 de Setembro - Foi uma luta para convencer a minha mãe a deixar-me trazer o Lucas cá para casa!
Lisboa, 15 de Setembro – As aulas começam amanhã.
Lisboa, 30 de Setembro – Começo pelo menos interessante: decididamente, os professores que me calharam este ano não são flor que se cheire, tirando um ou dois, no máximo. Vou sentar-me na lua a fazer o retrato do Lucas a carvão.
Lisboa, 6 de Outubro - Já sai três vezes com a Rita, é uma rapariga muito simpática e amiga.
Lisboa, 25 de Outubro - Não tenho escrito, porque tenho passado a maior parte do tempo livre com a Rita. Ela tem umas ideias incríveis e imenso sentido de humor. Percebo perfeitamente, porque é que te aproximaste dela.
Lisboa, 1 de Novembro – Quero contar-te como foi a tal festa que te falei, mas primeiro tenho de dizer-te outra coisa: o Diogo veio-me pedir novamente cinco contos. A festa foi um máximo! A Rita chegou muito atrasada e vinha com uma cara estranha, mas não disse o que tinha acontecido. É muito misterioso, a Rita. Ficou só uma hora, dançou um bocado, bebeu imenso e depois saiu de moto com um que eu ainda não conhecia.
Lisboa, 1 de Dezembro – Nas últimas duas semanas sonhei quatro vezes contigo. Ia dando em doida! O Diogo continua a pedir-me dinheiro emprestado. Vou para a minha lua com o jornal para escolher um filme para Sábado, uma coisa leve, para crianças. Preciso muito de me rir.
Lisboa, 15 de Dezembro - O Lucas ficou doente, por isso vou com ele ao veterinário.
Lisboa, 25 de Dezembro - Foi o Natal pior da minha vida. Sem ti, sem a avó Ju, o meu pai com gripe, de cama e, para piorar tudo, descobri uma coisa terrível: o Diogo andasse a drogar-se! Isso é tão horrível que nem me apetece continuar a falar do assunto, mas, por outro lado, preciso de desabafar. Mas a Rita também se droga.
Lisboa, 3 de Janeiro - Estive uma semana de cama com uma crise de estômago. Vou chamar o Lucas. Preciso de ver um inteligente, para variar.
Lisboa, 5 de Fevereiro - Já era para ter escrito, mas faltou-me a coragem. Fui à consulta do psicólogo. Não abri a boca e o homem pensou com certeza que eu era maluca, pirada do todo.
A Rita não tem tido tempo para mim. Agora, anda comum lá da escola dela, que mora longíssimo daqui. Os únicos que precisam de mim são o Diogo e o Lucas. Tenho de olhar por eles.
Lisboa, 20 de Fevereiro - São quatro e meia da manhã. Hoje apanhei o maior susto da minha vida. Quando cheguei a tua casa, encontrei o Diogo no pior estado que se passa imaginar. Tinha levado uma tareia de uns a quem deve dinheiro e estava tão em baixo que quase não conseguia falar. Ao chegar a droga para o Diogo, eu acabei por experimentar.
Lisboa, 2 de Março – Nestes últimos tempos aconteceu tanta coisa que nem sei: se vou conseguir contar tudo. Agora, o mais duro de contar: aquela «experiência» que fiz com o Diogo repetiu-se mais algumas vezes, a verdade é que já não sei quando… É uma estupidez e tenho de parar, mas queria que o Diogo parasse ao mesmo tempo que eu. Já vendi o meu blusão de penas e todas os mesmo relógios menos o último, aquele que o meu pai me trouxe da Suiça e que não é propriamente de plástico. É sempre a Rita que me arranja comprador. Ela trata de tudo e tem sido impecável comigo e com o Diogo.
Tenho saudades de ti, da avó Ju e do meu pai, porque é como se ele também não tivesse cá…
Lisboa, 15 de Março de 1994 - Vendi hoje o meu último relógio, e a Rita disse que não tinha conseguido o valor justo por ele. Tive de sujeitar-me. Vou parar de escrever. Dói – me a mão, dói-me o corpo, dói-me o pensamento…Dói-me a coragem que não tenho.
Lisboa, 25 de Março – Fui ter com um amigo da Rita e mandei fazer uma tatuagem no pulso: um relógio…Não aguento mais. Preciso urgentemente de fazer uma cura qualquer. Tenho de sair daqui. Se o Diogo não conseguiu parar, não sei o que irá acontecer. Mas não posso abandoná-lo agora.
Tenho montes de coisas para estudar, mas não dá para pegar num livro, sinto a cabeça nos pés. Debaixo dos pés.
Cascais, 1 de Abril - Estou em casa do meu tio Augusto, irmão do meu pai. O Diogo entrou finalmente num programa de desintoxicação e foi por isso que eu não me importei: de vir aqui passar uns dias. A minha mãe veio-me visitar. O meu pai é que ainda não veio ver-me. Telefona e diz sempre que, assim que tiver um tempinho, virá.
Lisboa, 15 de Abril – Apesar de tudo, é bom estar novamente em casa. O Lucas estava cheio de saudades minhas, acho que mais do que qualquer pessoa. Agora uma novidade espectacular: o Diogo está óptimo! Fez o tratamento, continua a ir às consultas ao centro e parece outro. Vou tentar dormir. É estranho, mas sinto-me muito cansada. Deve ser dos remédios. O Lucas dorme cada vez mais perto da minha cama. É um amor! Acha que tem de tomar conta de mim…Tenho a certeza de que nunca me abandonará.

Trabalho realizado por: Liliana Martins 9º3 Nº11

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